Por Guilherme Wermann Ancorei em algum lugar do passado. Preferi ficar a deriva das pequenas ondas de lembranças que me bala...

Passado

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Por Guilherme Wermann

Ancorei em algum lugar do passado. Preferi ficar a deriva das pequenas ondas de lembranças que me balançavam o meu convés. O vento calmo das certezas sempre me deu uma sensação de segurança, mesmo que por algumas vezes, fosse falsa. 

O mar lá adiante me parecia tão agitado, perigoso, incerto. Só de observá-lo eu tinha a impressão que ele me faria naufragar diante das suas tempestades, afogando toda a tripulação de sentimentos que trazia em mim. Ele parecia querer me devorar. Afundar em esquecimento aquilo que um dia eu chamei de existência. O futuro sempre me assustou. E ao mesmo tempo em que tentava evitá-lo, eu acabava por fazê-lo presente. Ele era o ponto de interrogação no final das minhas frases, a linha em branco no final dos meus textos.

Ele estava ali diante dos meus olhos, independente do mapa mostrar ou não pra onde ele me levaria. Ele simplesmente estava ali. Tão presente que eu quase podia tocá-lo, e ao mesmo tempo tão ausente que não conseguiria descrevê-lo. O simples ato de imaginar o que o futuro me reservava fazia meu coração palpitar e aumentava o ritmo da minha respiração.

Nunca gostei de perguntas sem respostas ou de teorias sem fundamentos. Eu ancorei em algum lugar do passado e observei enquanto alguns navios passavam sem destino por mim.

Me parecia tão mais confortável ficar ali que enfrentar tudo que a vida viria a me oferecer. No final, acho que foi esse meu pensamento mesquinho que me fez esquecer o agora. No final, acho que esqueci que fomos feitos para navegar. 


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