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Adilson Junior Pilotto [1] Assim, pois, a essência da técnica também não é de modo algum algo técnico. E por isso nunca experimentamos ...

A Questão da Técnica em Relação à Ética

Adilson Junior Pilotto[1]

Assim, pois, a essência da técnica também não é de modo algum algo técnico. E por isso nunca experimentamos nossa relação para com sua essência enquanto somente representamos e propagamos o que é técnico, satisfazermo-nos com a técnica ou escaparmos dela. Por todos os lados, permanecemos, sem liberdade, atados a ela, mesmo que a neguemos ou a confirmemos apaixonadamente. (HEIDGGER, Martin. A Questão da Técnica).

Dentro não só de nossa era vivemos dia após dia presos a esse conceito chamado TÉCNICA. Isso mesmo, a técnica. Desde os primórdios da humanidade ela vem se aperfeiçoando e se modernizando. Graças a ela o homem desenvolveu grandes projetos, como o avião, a televisão o celular, equipamentos avançadíssimos para a medicina. Dessa maneira, ela vem facilitando a vida de nossa sociedade, salvando vidas, deixando-nos mais próximos (por exemplo, quando moramos longe de nossa família usamos redes sociais para mantermos contato).

Uma das grandes contribuições da técnica fora feita por um brasileiro. Alberto Santos Dummont inventou o avião, o que facilitou, e muito, o deslocamento de uma cidade para outra. Por exemplo, para viajar de Ouro Preto até o Rio de Janeiro gastava-se cerca de 12 dias, hoje com 50 minutos é possível realizar o mesmo trajeto. Isso mostra o quanto a técnica facilitou a vida do homem em inúmeros sentidos.

Outra das grandes criações feitas pelo homem, através da técnica foi algo que é muito corriqueiro no dia a dia de muitas pessoas. As redes sociais; elas facilitam a comunicação, conhecemos pessoas novas, muitos também usam para trabalho (isso mesmo, muitas pessoas trabalham usando redes sociais). O Facebook é uma rede social que foi lançado em fevereiro de 2004, Em fevereiro de 2012, o Facebook tinha mais de 845 milhões de usuários ativos. Isso demonstra o tamanho da procura por essas redes.

O ar é posto para o fornecimento de nitrogênio, o solo para o fornecimento de minérios, o minério, por exemplo, para o fornecimento de urânio, este para a produção de energia atômica, que pode ser associada ao emprego pacífico ou à destruição. (HEIDGGER, Martin. A Questão da Técnica).

Quando, por exemplo, o homem inventou a bomba atômica, ao qual demonstrou grande poder quando foi lançada em duas cidades japonesas, não foi um malefício criado a partir da técnica? Quando foram criados revólveres e todo o tipo de armas de fogo, não são coisas ruins que a técnica pode nos proporcionar? Ou ainda quando deixamos nossas vidas sociais e entregamo-nos unicamente às redes sociais.

Existem benefícios e malefícios, a técnica é como uma moeda, têm dois lados. A nós, que a utilizamos e avançamos com ela a cada dia, cabe o dever de pensar e usar racionalmente e eticamente para que não haja colapsos sociais ou destruição em massa. A ética precede a técnica.




[1] Estudante de Filosofia na UFFS – Campus Erechim.
                                                      

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por Myra Soarys              Estamos na arquibancada, posso dizer que somos muitos, não sei seus endereços ao certo nem seus nomes,...

Eu faço parte do circo



por Myra Soarys
     
       Estamos na arquibancada, posso dizer que somos muitos, não sei seus endereços ao certo nem seus nomes, não sei ao certo o que somos, se loucos por adoração ou se consumidores necessitando consumir o melhor espetáculo.
     
          Estamos lá sorrindo nos fazendo bobos alegres, a espera que o show comece. A irritação é clara nas faces humana, eis que esses desejam que o aventurado zelo do espetáculo à vista comece. 
     
      Desejam ser hipnotizados pelo mágico do atendimento, desejam se entregar ao ambiente, se entregar a musica da satisfação do seu próprio eu. Lá estão eles espalhados ou reunidos em grupos, fixados e avaliando o show, dando notas ou simplesmente pisando na cabeça dos seus alunos por falta de competência comercial. 
     
        Eu sou uma aluna agora, eu sei que não sou da arquibancada. Porém algum momento estarei nessa posição de público também, entretanto agora não é o caso. Estou aqui para aprender que meus professores (consumidores) ou me aprovam ou me reprovam em suas análises de aconchego comercial.
     
          Estava somente aqui observando e errei meu posto, eu sou o show, e lá estão eles, sendo nossos chefões, e fazendo de nós suas atrações. Claro, não são todos que curtem atirar pipoca nos palhaços, ou desvendar os truques do mágico falível. Vai da aceitação do público, alguns são mais rigorosos, outros nem tanto, aceitam o que for dado em mãos.
     
       Mas temos que ser realistas, eles nos alimentam, eles (consumidores) é que pagam o salário do Pedro, o salário de dona Maria, o do jovem Eduardo, e não o chefe propriamente dito. O nosso chefe é o consumidor, o cliente que vem visitar a casa do consumo.
     
        Ou se agrada o público ou se perde o público, e verá a falência de si a sua frente se não paparicar o consumidor. Se não acompanhar o ritmo da propaganda comercial você ficará para trás, aqui o ritmo não é dançar Black e nem pagodear, aqui se consome o suingue do melhor atendimento.
     
       Se não faço meus malabares, se não ando na corda bamba de vez em quando, se não entro na boca do leão, se não encontro o acesso mais rápido para atrair meu público, as arquibancadas se putrefarão à escassez do tempero consumista.

         E assim acaba o show no circo e desespera o público insatisfeito.

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Por Renan Peruzzolo Assistindo a um jogo de futebol, o que raramente faço, transmitido pela televisão, deparo-me com uma reflexão...

Futebol Político



Por Renan Peruzzolo

Assistindo a um jogo de futebol, o que raramente faço, transmitido pela televisão, deparo-me com uma reflexão pertinente. Logo me surge certa semelhança entre a realidade brasileira atual frente à questão ético-político-social e o jogo de futebol e afins.

Percebo por várias vezes a conduta incorreta de jogadores, que mesmo agindo de forma inapropriada e violenta, frente ao juiz, tem a petulância de fazer apontamentos não condizentes com a conduta.

O juiz, por sua vez, parece muitas vezes, julgar lances de forma pessoal, agindo de forma parcial, mesmo com a evidência de provas que afirmam o contrário do lance. Os bandeirinhas e muitos outros, encarregados de interferir nos julgamentos injustos, parecem estar ali também para fins escusos.

O torcedor, movido pela emoção, parece estar cego. Cospe e grita palavras de “ordem”, xingamentos, é a exímia figura de justiceiro. Sabe ele como se deve atuar dentro de campo, como administrar o time e o clube e, consequentemente, como arbitrar a partida.

A mídia, encarregada de transmitir e comentar o jogo parece, como sempre, o fazer de forma tendenciosa. E se não bastasse, comerciais que incentivam a cultura de massa, ou seja, nenhum pouco racional, são colocados, me parece, em hora oportuna.

O futebol, assim como muitas outras coisas, se tornou mercado. Aqueles que ganham para isso tornam-se descaradamente mercenários, pouco se importando com a “bola no pé”.

Constrói-se um espetáculo, não falta nada. Como se não bastasse, o caro telespectador, com um pouquinho de senso crítico, percebe um discurso muito reflexivo e nunca visto antes ao final do da transmissão, como por exemplo: “É isso aí, ‘graçadeus’ consegui empurrar a bola na rede, fiz o que o ‘pressor’ pediu, ‘graçadeus’. Vamos continuar ‘trabalhando’ essa semana aí, foco, força e fé. ‘graçadeus’!

Isso quando as emoções não vêm à flor da pele e toda a racionalidade humana se expressa em uma pancadaria generalizada.


O objetivo dessa crônica - se isso era para ser uma crônica - não é dizer ao caro leitor para não assistir aos jogos e/ou não praticar esportes, muito pelo contrário. Contudo, na minha opinião – e que fique claro, na minha opinião – o indivíduo que sabe de cor o hino do seu time, a escalação titular do mesmo, mas que desconhece que suas atribuições como cidadão vão muito além do voto e, sobretudo, enche o peito para falar de política, me faz concluir que, de fato, merecemos nossos representantes. Cartão vermelho para você.

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por Marcelo Teixeira de Jesus    Neste ensaio pretendo provar que indivíduo clonado não é o mesmo que aquele que lhe forneceu a(s) célu...

Clonagem humana, princípio de individuação e identidade humana são incompatíveis?

por Marcelo Teixeira de Jesus 

  Neste ensaio pretendo provar que indivíduo clonado não é o mesmo que aquele que lhe forneceu a(s) célula(s) necessária(s) para o seu desenvolvimento, para isso usarei o princípio de individuação para provar a independência desses indivíduos e apresentarei exemplos que justifiquem a tese da independência dos indivíduos envolvidos, ou seja, que ambos não podem ser o mesmo indivíduo. Para melhor compreensão desse texto usarei o que chamarei de uma linguagem técnica para esse texto. Chamarei de ‘indivíduo matriz’ aquele que cedeu a(s) célula(s) necessária(s) para a formação do outro ser, e chamarei de ‘indivíduo clonado’ aquele que recebeu a(s) célula(s) necessária(s) para sua formação como indivíduo.
            
         Como pretendo provar que ‘indivíduo matriz’ e ‘indivíduo clonado’ não são o mesmo utilizando o princípio de individuação é necessário uma breve exposição de o que seja esse princípio. O princípio de individuação nos diz que não podem existir duas coisas idênticas no mundo, sejam elas: objetos, pessoas, plantas, carros, qualquer coisa mesmo. Dois objetos quaisquer por mais idênticos que sejam terão características próprias suas, particulares, que se procurarmos bem não encontraremos no outro objeto, e quando falamos qualquer característica mesmo, pode ser um pequeno arranhão que não percebemos ‘a olho nu’. Contudo, para provar que ‘indivíduo matriz’ e ‘indivíduo clonado’ não são o mesmo, não pretendo me deter nesses pequenos detalhes que o campo filosófico se detém, pretendo me deter na questão em que cada indivíduo tomaria em determinada situação. Acredito que provando que cada indivíduo tomando uma decisão diferente em determinada situação seria uma comprovação mais forte da independência desses indivíduos do que uma simples característica particular que um indivíduo tivesse e outro não. Contudo tal característica já comprovaria a independência dos indivíduos envolvidos na questão.

O que é clonagem?
            
               A palavra clonagem pode parecer um termo recente, mas ele já é utilizado desde o início do século XX. O termo foi criado pelo botânico Herbert J. Webber no ano de 1.908 enquanto realizava pesquisas no Departamento de Agricultura dos EUA. A palavra ‘clone’ tem origem da palavra grega ‘klón’, cujo significado é broto vegetal.
            
              Clonagem é basicamente um conjunto de células, moléculas ou organismos descendentes de uma célula e que são geneticamente idênticos à célula original. Clonagem é um processo de reprodução assexuada cujo resultado são indivíduos geneticamente iguais a partir de uma célula-mãe. No caso dos seres humanos os clones são gêmeos univitelinos, ou seja, gêmeos idênticos.

Clonagem humana
            
             A questão sobre a clonagem humana vem sida muito debatida nos últimos anos, tanto no meio científica quanto no meio social em geral. Mas a questão que proponho é para que serviria a clonagem de um ser humano nos dias atuais? Qual a finalidade de se clonar um ser humano? Não quero me deter aqui a questão de que se deva deter ou não o conhecimento, algo que acredito que se faça necessário de se deter o conhecimento sobre a clonagem, contudo, não acredito que por determos o conhecimento devamos colocá-lo em prática, acredito que deva haver preceitos éticos que devam regulamentar a prática do conhecimento humano, ou seja, não é porque eu detenha tal conhecimento que o deva colocá-lo em prática.
            
                Nos dias atuais não vislumbro para que serviria a clonagem humana, pois a espécie humana não está ameaçada de extinção, pelo contrário nos reproduzimos cada vez mais. Se a alternativa para se clonar um ser humano for à ameaça de extinção essa questão estaria nula. Mas, se a questão for produzir um ser humano mais evoluído, ou digamos sob medida, por exemplo, como um terno, estaríamos ultrapassando o campo da ética. A ciência no decorrer da historia da humanidade já nos trouxe vários benefícios, contudo quando ela é utilizada de maneira equivocada (errada), ela pode acarretar muitas mazelas. Exemplos de uma má utilização da ciência não faltam. Bombas nucleares, armas de destruição em massa, esses são alguns exemplos do mau uso da ciência pelo homem. O mau uso consciente da ciência pelo homem deveria ser considerado antiético, pois se cometer um erro de maneira consciente para com outro indivíduo é crime, por que não devemos rechaçar o mau uso da ciência?
            
               As descobertas científicas deveriam servir para o benefício da espécie e do planeta em que vivemos, mas isso não é o que nos deparamos no nosso dia-a-dia. Pois sabemos que o desenvolvimento industrial vem destruindo a vida na terra e ameaçando várias espécies de extinção. Costumamos dizer que o homem é um ser racional e inteligente, mas muitas atitudes humanas não parecem ser racionais e inteligentes.

Distinguindo indivíduo ‘clonado’ e indivíduo ‘matriz’
        
        Imaginemos uma sociedade cujo desenvolvimento técnico-científico seja altamente desenvolvido e que se possam fazer inclusive cirurgias intrauterinas. Aceitando o fato de que tal sociedade é possível e que tais cirurgias também, podemos aceitar o fato de que seja possível a coleta de material genético necessário para a realização de uma clonagem humana. Após a retirada do material genético necessário para a clonagem é feita a fertilização do óvulo, teríamos de achar uma barriga-de-aluguel para o desenvolvimento do feto. Realizados todos esses fatos, basta apenas esperarmos o nascimento dessa criança, que será geneticamente idêntica à criança que doara o material genético quando era apenas um feto. Essas crianças nascerão apenas com algumas semanas de diferença.
            
                Digamos que após o nascimento dessas crianças seus pais biológicos venham a criar os dois. Que eles lhe deem todos os cuidados, carinho, educação e afeto sem distinção, sem preconceito algum. Esses dois indivíduos são observavelmente idênticos, altura, porte físico, características gerais idênticas, ou seja, não conseguimos distinguir qual é qual. Sabendo que ambos são tão idênticos, que ambos têm o mesmo material genético e que eles têm uma ligação intrauterina tão íntima, pois o material genético necessário para a formação de um deles foi retirado quando o outro era apenas um feto, sabendo disso, podemos afirmar que ambos são apenas um? Aceitando que sim, isso acarretaria que deveríamos aceitar que ambos tomariam sempre a mesma decisão em qualquer situação em que pudessem estar envolvidos, quando me refiro a qualquer situação é qualquer situação mesmo, por mais banal que pareça ser, por exemplo, um simples corte de cabelo, se ambos indivíduos estiverem em uma barbearia, ambos deverão escolher o mesmo corte de cabelo, pois se isso não ocorrer fica comprovado que eles não podem ser o mesmo indivíduo, pois tomaram decisões distintas sobre o mesmo fato, e um indivíduo não toma duas decisões em um fato em que é necessário que ele tome apenas uma decisão, por exemplo, um indivíduo não decide atravessar e ao mesmo tempo não atravessar uma rua, ou ele atravessa ou não atravessa uma rua, é incompatível que um indivíduo realize esses dois atos ao mesmo instante. Acredito que essa é uma forma simples de comprovar de que se tratam de indivíduos distintos, cada qual com sua personalidade, valores e crenças pessoais. Contudo não comprovamos que o indivíduo clonado tem uma identidade humana.

O indivíduo ‘clonado’ tem uma identidade humana?
            
                Digamos que o indivíduo ‘clonado’ não possa ser um ser humano, pois nem todos os passos do processo de surgimento da vida humana não foram dados, ou melhor, dizendo não foi um processo tradicional de fecundação humana. Pois houve uma manipulação laboratorial para que seu processo de desenvolvimento ocorresse. Aceitando o fato que ele não pudesse ser considerado um ser humano pelo fato de sua ‘origem’ se dar de uma manipulação de laboratório, estaríamos afirmando que todo ser concebido através de manipulação genética não poderia ser considerado um ser humano.
           
         Aceitando o fato de que seres que nasceram de manipulações genéticas não teriam uma identidade humana nos colocaria em um beco-sem-saída, pois muitos indivíduos cuja identidade humana é reconhecida deveriam deixar de serem considerados seres humanos, esse é o caso dos bebês de provetas, da inseminação artificial, pois os casos citados têm reconhecidamente uma identidade humana. No caso da clonagem humana, esse indivíduo também deve ter uma identidade humana, pois se trata de um caso idêntico dos citados acima.
   


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por Douglas Ferrari             Afinal, o que é "Opinião Pública"? aquela que as mídias e afins anunciam os resultados de...

Opinião Pública


por Douglas Ferrari

            Afinal, o que é "Opinião Pública"? aquela que as mídias e afins anunciam os resultados de pesquisa em opinião pública sobre determinados assuntos. Os institutos que são conhecidos no Brasil e fazem pesquisas neste sentido são o Ibope, Data Folha, IBGE... etc. Cujo partem da ideia de que a opinião pública é a somatória de opiniões individuais sobre temas por eles mesmos aferidos. Para Bourdieu este tipo de opinião não existe. 

              Um ponto que tem que ser esclarecido é a definição de opinião, e a diferença para a opinião que é pública. Ex: a aula foi ruim; a comida está apetitosa, etc... — A especificidade da opinião pública em relação a simples opinião é que, a opinião pública terá por objeto temas que digam respeito a toda a cidade, a toda “polis”, temas “políticos", portanto. 

              Um dos principais requisitos para que um objeto seja tido como público hoje: ele deve estar presente nas pautas dos meios de comunicação. A agenda dos meios determina a agenda pública. A opinião pública, para ser pública, terá que ter um tema presente nos meios de comunicação de massa. O valor atribuído ao objeto da opinião pública é atribuído por um grupo, ou seja, é um valor coletivo e compartilhado por um grupo de pessoas. 

              A mídia, principalmente a grande mídia — monopolizada na maioria das vezes — é aquela que "dita" os assuntos de interesse público, percebemos isso nos jargões proferidos em jornais, programas televisivos e etc. (notícia/reportagem de interesse público), normalmente a população não observa essas relações de um ponto de reflexão filosófica, por fim acredita que ela é "imparcial". É muito difícil haver imparcialidade na mídia com relação à opinião pública, pois para fazer parte da pauta da mídia ela deve passar por um filtro e pelo interesse dos que vão divulgar ela.  

          A "opinião pública", para ser entendida como somatória de opiniões individuais, como mostrada pelos institutos de pesquisa e mídias afins, parte de algumas premissas: 

  1. Seria preciso que todos tivessem opiniões individuais sobre os temas da agenda pública, o que não é o caso, pois nem sempre há opinião individual sobre os temas próprios da opinião pública.
  2. Além disso, seria preciso que houvesse uma referência para que seja feita a comparação – Um critério a partir do qual julgar.
  3. Seria preciso que elas fossem “somáveis”, e só são somáveis unidades da mesma espécie. Ou seja, as opiniões individuais teriam que ser equivalentes para poderem ser somadas. O que não pode ser feito, já que cada indivíduo tem suas características específicas, diferentes legitimidades sobre o assunto, experiências diferentes, formações diferentes, especialidades diferentes, etc. 
  4. Os temas objeto de pesquisa teriam que ser os temas mais relevantes, mais importantes para os indivíduos da sociedade. Perguntar sobre determinados temas é pressupor um acordo social sobre a importância desses temas, o que está longe de corresponder à verdade.

               Então, conclui-se que: a definição de opinião pública como simples somatória das opiniões individuais, é uma definição que não convém. Já que a opinião pública NÃO é a somatória das opiniões individuais, partindo das teses de que: 1º) A opinião pública é lógica e cronologicamente anterior às opiniões individuais; 2º) A opinião pública é condição das opiniões individuais; 3º Fazer acreditar que a opinião pública seja a somatória das opiniões individuais interessa a “alguém”, pois esconde instancias de poder e protege aqueles que conseguem interferir nos caminhos da opinião pública.

          A opinião pública é lógica e cronologicamente anterior às opiniões individuais: Segundo Durkheim, “a sociedade é lógica e cronologicamente anterior aos indivíduos que a compõem”. Quando o "homem" surge na evolução da espécie, ele já vivia em sociedade, assim como as etapas anteriores ao homem nesse processo também já viviam em sociedade. Ou seja, a evolução do homem se deu em sociedade — assim como a sociedade precede o indivíduo. A opinião pública precede a opinião individual, pois os indivíduos nascem em contextos onde as opiniões públicas já estão amplamente consolidadas.

           Fazer acreditar que a opinião pública seja a somatória das opiniões individuais interessa a aqueles que estão por trás da construção efetiva das opiniões dominantes sobre os temas políticos. O que Bakhtin propõe em sua obra “Marxismo e filosofia da linguagem”: a consciência tem como matéria prima signos, as palavras são um tipo de signo. Esta por sua vez, é povoada de palavras, as palavras constituem a consciência, mas ela é dinâmica e pressupõe a articulação permanente entre essas palavras. Cada palavra possui um significado. A consciência é construída dentro de um pertencimento na sociedade, de fora pra dentro. É a sociedade que oferece as condições materiais para articular a matéria prima semiótica que o indivíduo usa para falar. É a sociedade que propõe o significado das palavras que os indivíduos utilizam. Bakhtin afirma que todo o signo é ideológico. O significado das palavras é resultado da construção social de agentes em conflito, que querem que as palavras digam coisas diferentes do que elas querem dizer para seus adversários. Existe uma luta social pela definição do que devemos entender sobre as palavras. O significado das palavras é um troféu em disputa. Se a consciência é povoada por signos em articulação, e esses signos em articulação só se articulam em função de significados em circulação na polifonia social, é evidente que um indivíduo só consegue propor uma opinião individual se tiver sido devidamente abastecido por uma matéria prima semiótica que lhe é dada pela polifonia na qual ele está inserido.

           Temos então, neste caso uma opinião pública que precede o indivíduo e a cada momento sócio-histórico temos um foco diferente. A grande mídia determina de acordo com seus interesses a opinião pública, interesses que podem ser desde a simples audiência ou até mesmo interesses políticos. Quando nós nos deparamos com o "opinião pública" devemos redobrar nosso ceticismo e refletir filosoficamente sobre os objetivos, interesses e consequências da "opinião pública", e sobretudo questionar a origem e os interesses da pauta pública e quem tornou ela "pública".

Referências: Curso de Ciência Política, de Clóvis de Barros Filho.



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por Myra Soarys Nos tempos podres de ordem, o poder é arte de barro, manipulável. Não somente de hoje, mas de todos os tempos. Desde...

Arquitetura do Poder


por Myra Soarys

Nos tempos podres de ordem, o poder é arte de barro, manipulável. Não somente de hoje, mas de todos os tempos. Desde olhos mais antigos ao mais atual, desde cérebros mais antigos às mentes recentes.
      
Os que se misturam a esta receita sabem e não sabem o limite das colheradas a serem postas na vasilha. Quando bem preparado o banquete é um sucesso coletivo, porém quando se passa para um poder doentio, o manicômio o corrompe com ideais nada construtivos. 

Ideologias fascistas, nazistas e outros campos que cabeças seguem no propósito de uma nova “nação” cruzam com a ignorância de que podem separar sociedades, pessoas, crenças, partidos. O mundo é um campo de convívio benéfico, contudo existem os que se caracterizam como “messias” e criam suas falsas leis de convívio, agarrando corpos e almas limpas, tornando-as imundas por conta de pensamentos contrários aos seus.

O poder tanto pode ser uma golada no inferno, quanto pode ser a fatia dos céus. Para muitos o poder é o senso de vida em que se pode aperfeiçoar ao ideal de sociedade a ser seguida. Contudo esses “reis” sem coroas ultrapassam as ruas e atropela a sociedade o mundo.

Quando não se há extravagância na alma do homem que veste o poder sem culpa, a liderança lhe cabe bem, sem necessitar de arremates e esse sim ganha o respeito dos homens.

O poder, cega quando fora dos limites, sangra a alma do inocente e enaltece o poderio sujo. O poder, ele não é corrupto, porém nas mãos dos homens malditos ele se suja, tornando-se inconsequente.

Use a autoridade para com o mundo e ganharás respeito por mérito próprio, usai o poder para com o mundo e ganharás a hipocrisia da aceitação por medo. Enxergou a diferença?

O que se vale pensar e analisar aqui, como se podem ter pessoas que seguem ideologias de poder ilógicas?  Pessoas que inalam pensamentos pobres e podres, o pior das ideologias já ocorrido? O poder nazista;

As eleições de 31 de julho de 1932, foram a prova da incontestável ascensão nazista, o Partido Nacional-Socialista (NAZISTA) alcançou a incrível votação de mais de 13,5 milhões de votos contra 8 milhões de votos do Partido Social Democrata (SPD). A votação garantiu aos nazistas 230 cadeiras no parlamento contra 133 dos social-democratas. Os partidos de centro chegaram aos 6 milhões de votos e 97 cadeiras e os comunistas alcançaram somente 5 milhões de votos e 89 cadeiras, os demais partidos alcançaram votação insignificante.

Quando lemos tal final de escolhas pensamos… O que faz um ser humano ir a favor da barbárie, ir a favor da morte de milhões? Um ideal de vida perfeita? Um padrão estético social dos últimos tempos? Ou um tipo de modismo que não veste bem os corpos considerados fracos?
Absurdo…

Em momento de convulsão ideológica, nos seres humanos devem exercitar a consciência crítica, baseada no bem de todos e não somente rasgar a capa do incapacitado e fazê-lo impróprio.


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                                                                               p or  Yuri Lawrence de Oliveira Carvalho Todo ser huma...

Amizade

                                                                               por Yuri Lawrence de Oliveira Carvalho


Todo ser humano por mais solitário que seja em determinado momento de sua vida já desfrutou do poder de uma amizade.

Ao longo de sua vida você obteve amizades duráveis ou nem tanto. Independente do tempo, um amigo sempre vai marcar nossa vida e essas marcas, aos poucos conforme nossas experiências vividas, desde brigas bobas em época de colégio até casos de sociedades, nos negócios esses elementos vão construindo o conceito de amizade de um ser.

O primeiro contato com um amigo surge quando largamos o seio familiar e desbravamos o mundo. É quando me deparo com outros seres humanos, que podemos criar uma amizade. Existem coisas que não se reporta ou conversa entre membros familiares por motivos de intimidade, há assuntos que não serão tratados por causa do desconforto que poderá gerar.  Neste caso o amigo socorre em nossas aflições, dúvidas e dilemas que não podemos contar com o amparo de nosso vô, vó, pai, irmão ou irmã.

Quando criança, a pureza de nossas ações faz pensar que todos que nos rodeia é um amigo. A amizade entre crianças é pueril, um sentimento inédito sendo desfrutado de maneira simples e duradoura. Não é raro notar o choro de um filho pela ausência de seu amigo, o choro é a expressão de demonstração de tamanha importância representa a amizade, mesmo que para uma criança.

Na mocidade esses traços se intensificam, o grupo de amigos se torna uma característica forte, ele precisa de uma identidade. Diferente de quando vislumbrava com a vida na infância, hoje ele se considera parte do mundo e como parte ele precisa se integrar e os seus amigos lhe possibilitam tal situação. As decepções que irão ocorrer, fará com que se torne temerário diante os supostos amigos, os quais ele confia e destina suas aflições e receios. A partir deste golpe tomado, dependendo da profundidade, poderá acarretar futuros traumas e receios. Porque nesta fase o interesse pessoal, a rivalidade, o desejo aumentam podendo prejudicar o desenrolar de uma amizade.

Ao amadurecer seleciona-se de acordo o nosso valor, responsável por restringir o número de amigos. Na fase adulta a amizade se torna um meio, você não esta mais a procura de pessoas semelhantes, você as torna semelhantes. Seu colega de trabalho torna-se amigo, seu dentista, seu filho, seu funcionário, seu marido, sua esposa. Eles se tornam nossos bons amigos, pessoas que em um passado longínquo jamais imaginávamos que seríamos amigos.

E por fim é comum notar casais de idade avançada onde ambos ressaltam que de todas as amizades a que restou fora a do companheiro. E esta cumplicidade é o que alimenta a vontade de viver, os filhos seguiram seus destinos, os irmãos nunca foram próximos, os amigos alguns se foram outros não dão mais notícias. Tudo o que restou foi aquele cujo você escolhe para viver o resto de sua vida e porque não chamá-lo de seu melhor amigo.


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