por Fábio Fleck Este é o título de uma música do álbum solo chamado Insular , de Humberto Gessinger , vocalista da banda Engenheiros ...

Tudo está parado, esperando uma palavra.

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por Fábio Fleck

Este é o título de uma música do álbum solo chamado Insular, de Humberto Gessinger, vocalista da banda Engenheiros do Hawaii e do projeto musical duo: Pouca Vogal – Regravada pela banda J Quest -. É uma boa música para pensar a respeito e nos fazer percorrer alguns caminhos para uma reflexão geral!

Tudo está parado, por aí. Esperando uma palavra. SIM!
Tudo está parado, esperando uma palavra, uma ação, uma atitude.
E você? Vai continuar parado? O que você fará? Nada?
De fato, o tempo, o mundo, tudo! Está parado, só esperando você.
Em uma esfera, tudo está em movimento, mas só se você quiser.
O mundo pode ser visto por esferas, mas o lugar do homem é uma esfera?
O movimento é o que dá sentido as coisas e pode girar como as esferas também podem.

Sem movimento, atrofiamos, empacamos. Sem movimento não podemos ir além. Talvez nem sejamos nada. E sabemos, que: “Na verdade, nada, é uma palavra esperado tradução”. (Humberto Gessinger).

Precisamos estar sempre dedicados ao movimento e tudo que está em movimento, tende a continuar em movimento. Tudo que está parado tende a continuar parado, mas sim, tudo está parado por ai, quem gira, E SE gira, é você!

E se não gira não percebe o que há ao redor. Você trava. Não vê, ou vê parcialmente. Vê só aquele pouco que seu ângulo de visão permite. Dentro de sua bolha? Mas o que é esta bolha?

Assim é com a ideologia e até mesmo com o conhecimento. Se ele não se movimenta, tende a repetir, replicar, sempre ficar na mesma visão, parada, afundada no que conhece, sem a devida exploração necessária que somente “o girar” da esfera permitiria. Já o conhecimento, sem movimento, pode se tornar obsoleto! É necessário mudar para reaprender e principalmente aprender a aprender.

Uma mudança completa, uma mudança contínua. Precisamos a todo o momento aprender e se não soubermos aprender, podemos perder a chance de mudar. Se não mudamos, estamos parados. É como água parada. Água é um elemento vital, mas parada, pode apodrecer.

“- Eu prefiro ser, essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.” (Raul Seixas). Temos aí outra frase que nos incentiva à movimentação.

Analise o que é dito: "opinião formada sobre tudo". Trata-se das opiniões dogmáticas a priori. A ideologia se utiliza deste recurso (ou pode utilizar). Seria saudável essa carga de verdades fixas e imutáveis?

Não se sabe qual a pergunta, mas isso não importa, já existem repostas prontas decididas previamente e por alinhamento, devo seguir o que me foi colocado como certo. É como uma tradição.

Isso cristaliza o saber e a cristalização impede o pensar, o pensamento que é emitido dentro de uma doutrina, carregado de ideologia, de um jargão, um clichê, tudo isso é um processo que ajuda que as frases se completem sozinhas, sem necessidade de pensar e analisar o que se diz.

Podemos encarar esta reflexão e a letra da música, como um desejo de recomeço. Sugiro que leia este texto, leia a letra da música, escute a música e pense nas situações que podemos efetivamente fazer algo. Será que estamos parados em alguma situação? Interessante pensar nisso. A música com seu som e com sua letra, pode nos conduzir a imaginação e a alguns sentimentos. E “Onde estamos quando escutamos música?” (Peter Sloterdijk).

“A música, além de provocar fortes reações emocionais, como o arrepio, o riso e as lágrimas, pode diminuir a resposta tanto física como psíquica ao estresse”. Por outras palavras, a música pode provocar redução dos níveis de ansiedade, diminuição da pressão arterial e da frequência cardíaca, e modificações nos níveis de cortisol e adrenalina no sangue.
 Quais são, então, os benefícios psicológicos da música? Estimular a comunicação entre as pessoas; aumentar a auto-estima e a auto-expressão (por exemplo, a dança); favorecer a catarse, a introspecção, a reflexão, o surgimento de recordações, de novas sensações e emoções que muitas vezes não podem ser expressas por meio da fala ou da linguagem verbal.
Sendo assim, diversos fatores influenciam as nossas respostas fisiológicas e psíquicas frente à música: a capacidade particular de perceber e ouvir, a educação, a cultura, a situação social do momento...
Podemos dizer que a música é um tipo de comunicação que possui formas, regras e tempos diferentes dos da nossa fala por exemplo. A música é uma linguagem que tem a capacidade de transmitir com facilidade as emoções e os desejos mais íntimos ou até inconscientes.
 E quantos de nós já utilizaram a música como um “ansiolítico”? Estou a falar-vos da "música de fundo", enquanto realizamos outras atividades, como estudar, trabalhar, cozinhar, conduzir enquanto estamos no meio do trânsito ou fazer um exercício físico.
Não há dúvida de que a música traz inúmeros benefícios a mente e corpo e, para desfrutá-los, basta somente deixar-se invadir por diferentes sons, quer seja da natureza, como o canto de um pássaro, ou de uma sinfonia de Mozart”. (Cristina Pereira – Mestra em Psicologia Clínica/ Oficina de Psicologia - A música e as emoções  - 2012).
A música é arte, é técnica, é cultura, é identidade, é entretenimento, diversão e até calmante. E quanto ao “estilo”? E o gosto?
[...] Bourdieu considera que o gosto e as práticas de cultura de cada um de nós são resultados de um feixe de condições específicas de socialização. É na história das experiências de vida dos grupos e dos indivíduos que podemos apreender a composição de gosto e compreender as vantagens e desvantagens materiais e simbólicas que assumem.
Mais especificamente Bourdieu afirma que as práticas culturais são determinadas, em grande parte, pelas trajetórias educativas e socializadoras dos agentes. Dito com outras palavras, Bourdieu afirma, causando um grande mal-estar na época, que o gosto cultural é produto e fruto de um processo educativo, ambientado na família e na escola e não fruto de uma sensibilidade inata dos agentes sociais. (Maria da Graça Jacintho Setton - professora de Sociologia na Faculdade de Educação da USP/ Revista Cult - Uma introdução a Pierre Bourdieu- 2010).
A “palavra”, ou “as palavras”, que formam as letras das músicas que nos levam às reflexões e nos permitem experimentar uma série de sensações diferentes, tem o poder de nos tocar e até mesmo nos fazer lembrar de algo, podemos despertar sentimentos. Cada tom menor, por exemplo, tem a função, de geralmente remeter à tristeza, melancolia ou até algo romântico, enquanto que os tons maiores tendem a nos remeter à alegria.
[...] Pitágoras acreditava que tudo no Universo era regido por números”. Assim, ele notou que uma corda esticada, quando posta em vibração, emite um determinado som. Porém, se o comprimento dessa corda for reduzido à metade, um som mais agudo é produzido, que guarda uma relação muito interessante com o primeiro. Para variar o comprimento da corda, basta pressioná-la na posição desejada, e assim a parte vibrante é reduzida (como em um violão ou violino).
Pitágoras dividiu assim a corda em frações determinadas: 1/2, 1/3, 1/4 e 1/5. Supondo que a corda esteja afinada em dó (a afinação em si é totalmente arbitrária, o que valem são os intervalos), tais frações geram as notas dó (“oitavada”), sol, fá e mi, respectivamente. Como toda nota é gerada por determinada frequência, e como a frequência é inversamente proporcional ao comprimento da corda, atribuindo o valor 1 à frequência fundamental da corda, obtêm-se as seguintes frações: mi = 5/4, fá = 4/3 e sol = 3/2. (José de Mattos Neto - Músico/ Sonata Escarlate - A música e sua teoria (3ª parte) - 2010).
Toda essa técnica e especificação matemática consegue transformar o som em arte através da vibração. E essa arte, possui a capacidade plural de nos sensibilizar de uma maneira inexplicável!
 “A vibração regular produz sons de altura definida, chamados sons musicais ou notas musicais. Por exemplo, o som do piano, do violino, etc.
A vibração irregular produz sons de altura indefinida, chamados de barulhos. Por exemplo, o som do avião, do automóvel, de uma explosão, etc.
Na música são usados não somente sons regulares (instrumentos musicais com notas definidas), mas também sons irregulares (instrumentos de percussão)”.
(Med, Bohumil. Teoria da Música /BohumilMed – 4. Ed. Ver. E ampl. – Brasília, DF: Musimed, 1996 p.11).
E no escuro do quarto, esperamos por uma resposta para a pergunta feita. Tudo está parado, esperando por você! E então ouvimos o solo de guitarra antes do refrão. Para enfim, repetir novamente que: Tudo está parado por aí, esperando uma palavra!

Referências:
[A]Cristina Pereira – Mestra em Psicologia Clínica/ Oficina de Psicologia - A música e as emoções - 2012.
[B] Humberto Gessinger – Músico, compositor e escritor/ Insular - Tudo está parado - 2016.
[C] José de Mattos Neto - Músico/ Sonata Escarlate - A música e sua teoria (3ª parte) - 2010.
[D] Maria da Graça JacinthoSetton- professora de Sociologia na Faculdade de Educação da USP/ Revista Cult - Uma introdução a Pierre Bourdieu- 2010.

[E] Med, Bohumil. Teoria da Música /BohumilMed – 4. Ed. Ver. E ampl. – Brasília, DF: Musimed, 1996 p.11.


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