por Myra Soarys “Na poltrona nova havia recostado um corpo… Em um absurdo estado de conservação. Cheirando a vida, nele havia pulsa...

HOMEM

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por Myra Soarys

“Na poltrona nova havia recostado um corpo… Em um absurdo estado de conservação. Cheirando a vida, nele havia pulsação havia veias cheias de vigor, existia contato com o mundo.

          Porém um dia as coisas foram se estreitando… Quase uma relação Homem e móvel. Mas uma relação, com entrelaços perigosos. O chamado comodismo humano.


           A vontade de dar contorno aos seus sonhos, perspectivas, era visto nos olhos daquele homem. Entretanto, ele se deixava ser conquistado a cada dia pelo conforto barato do seu sofazinho de tecido macio e aveludado. A poltrona amava sua caída sobre ele. Não se importava com o peso do seu corpo, que ao longo dos dias se tornava uma capa de sofá humana, suja e imunda de um resto humano.

           O homem-capa-de-sofá criava raízes, não se importava, mas com nada, nem com suas necessidades, sua fome zerou, sua sede de si fugiu e sua voz, essa ele mudo ficou.

           Os dias passavam. O mundo sentia mais um peso de um comodista. E aquela ambiência cheirava a mofo… cheirava a inexistência. As moscas o rodeavam como urubu na carniça.

           Movimentar-se? Para este ser talvez, isso parecia está distante das vontades do mesmo, havia fraqueza na capacidade de escolhas para si, já mordido pela preguiça ele preferia a aceitação dos fatos. Não se revoltava fácil, foi seduzido, atraído, hipnotizado pelo farto conforto da acomodação. Porém por prazo determinado. Ou não.

           A porta não houve quem a abrisse, olhos se encontraram se fixaram e se perguntaram, somos dono da mesma conformidade? Pensavam internamente.

           Um… só queria lutar contra o terrorismo do conformismo de nascença. Ele não, mas andará. O que um dia foi movimento se repousou naquelas duas rodas… Enquanto o homem-capa-de-sofá, esse pode escolher entre movimentar-se para o mundo ou morrer para ele.

          Sejamos mais abnegados ao mundo, as pessoas… assim mesmo seja! Mas valente, levante-se antes que… suas pernas percam a locomoção e suas metas aleijam-se diante de si.”


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