Discordo de quem diz que Deus não existe. Tal posição, ao meu ver, beira a loucura. Da mesma forma, discordo e autores que buscam uma saída pela tangente, tal como Badiou, que defende que Deus morreu. Prefiro atestar que Deus existe, e mais, que Ele se manifesta a todo instante. Parece hipocrisia um marxista defender a existência de Deus, mas acontece que, diferente de Moisés (que viu apenas a sombra de Deus) eu compreendi sua real natureza e descobri seu nome...

Começo pelo começo. O ser humano tende, em sua história, temer Deus. Depois passa a negá-lo, como se o mesmo fosse algo a ser afastado de sua vida. Nesse processo, alguns se dizem ateus, sem saber ao certo o que é ser ateu. Outros se dizem crentes, mas sem conseguir explicar no que acreditam. Um terceiro grupo diz acreditar em algo maior,  e dá vários nomes a esse "algo maior": universo, energia, cosmo... Mas todos se submetem a algo. Todos acreditam em algo maior, inclusive os ateus, que veem na ciência e no dinheiro seu Deus.

Na mitologia grega, e usaremos ela de base por ser a mais conhecida, percebe-se que todos os deuses, apesar de serem deuses, temiam algo maior que eles. Os deuses, assim como os mortais, temiam a morte. Cronos temia ser morto pelos seus filhos. Os olimpianos temiam que os humanos os desafiassem e matassem. A morte permeia toda a mitologia e toda a história da humanidade.

Povos antigos e contemporâneos temem a morte. É assunto proibido em conversas. Cemitérios são amaldiçoados e não devem ser visitados (exceto em dias festivos). A morte é acompanhada de luto. E todo avanço científico busca a vitória da humanidade sobre a morte.

Mas, como pode a morte ser tão poderosa, a tal ponto de amedrontar os mais poderosos e terríveis seres, tanto das mitologias, quanto da humanidade? E se ,"morte" for o verdadeiro nome de Deus? Quão terrível será essa verdade para as religiões? Haverá alguém que ainda ousará clamar por ajuda divina? Alguém ainda frequentará templos e igrejas?

De fato, Morte é o nome de Deus. Deus é Morte. Por isso as guerras em seu nome são justas. Porque são, na verdade, um grande sacrifício de oblação da humanidade. Por isso Deus não intercede, porque é na morte que Ele se manifesta.

Mas antes das guerras, a humanidade já aprenderá a agradar a Morte. A primeira forma de oração foram os sacrifícios de sangue. Animais e homens eram mortos para agradar a Deus, esperando que este ouvisse as preces. Hoje os sacrifícios são simbólicos. Jejum, abstinência, esmola, eucaristia. Tudo são sacrifícios. Sacrifícios para agradar a Morte.

O incrível é que, apesar de Deus ser Morte, Ele é o supra sumo da vida. De uma explosão colossal, surge a vida. A Morte é o começo e o fim, tudo que existe foi por Ela criada e é por Ela que se mantém. Existe vida à medida que a Morte se manifesta.

Jesus (tido como Deus) diz: eu sou o caminho, a verdade, a vida, ninguém vai ao pai senão por mim. Ou seja, a morte (corporal) é o abraço de Deus (Morte) em toda a criação. Porque é preciso que a criação mora para que ela exista. O beijo da Morte (Deus) é algo do qual não podemos escapar. Por isso negamos Deus ou tememos a morte. No final, o destino é o mesmo para todos, crentes e ateus serão brindados com o beijo da Morte.

E o céu e inferno serão apenas o alívio ou o desespero que nos visitarão em nosso sono eterno, conforme nossas ações aqui.

Mas resta a dúvida, quais ações são do agrado da Morte?